segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Chega





"Chega!"

Exclamava. Convencia a si mesma que dava muito trabalho, que não valia à pena. Chega; estava exausta.

E merecia aquilo? Merecia?! Soava quase como uma ameaça para os próprios ouvidos. Claro que não - era ela mesma quem respondia. Esse irritadiço monólogo de pensamentos sempre vinha na hora do banho. E não parava.

Enquanto ela se secava, concluia que se estava assim agora, por que algum dia iria mudar?

Enquanto se vestia, lembrava que nunca, nunca, conseguia deixar tudo claro e simples, sem meias palavras. Deus do céu! Será possível? Quanto trabalho!

Enquanto passava o batom cor de boca em seus lábios, pensava em todas as coisas que não podia falar com medo de dar tudo errado. Ah, mas agora ele ia ver. Ah, se ia.

Enquanto passava perfume e admirava-se no espelho, enumerava todas as vezes que ela já havia se sacrificado por aquela relação. Tinha sido uma, duas? Nããão! Milhares!

Enquato calçava os sapatos, revivia todas as conversas que não chegaram a lugar nenhum. E era culpa dela? Obviamente que não!

Enquanto ia atender a campainha, seu cérebro era um caos; era como se quisesse lembrar-se de todos os seus argumentos no pequeno percurso do quarto até a porta da frente.

Então, ela abria a porta - decidida, segura de si, dona da verdade. Via o sorriso dele e pronto.

"O que é que eu queria te dizer mesmo?"

Mulheres.


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